A pequenez do sítio
A pequenez do sítio
Traz o conforto
Da constante familiaridade
De todas as caras que cruzamos
De todas as portas e janelas
Pelas quais passamos.
A pequenez do sítio apazigua
O medo daquilo
que ainda não se conhece.
Não há descoberta
Naquilo que apenas
Continuamente se reconhece.
Mas é no conforto da pequenez,
Que a podridão floresce.
A pacatez é quebrada
pela luta de egos
e pela vaidade.
A aparente igualdade da condição
É rasgada pelo esforço
Desesperado e infantil
Da diferenciação.
A toxicidade prevalece em cada passeio,
Em cada evento social,
Em cada oportunidade de não se mostrar igual.
A vaidade apodera-se
Das nossas ambições,
Tornando-nos míopes,
“Apequenezando-nos” e “ridicularizando-nos”.
Não será esta a pandemia mais perigosa?
Uma pandemia intelectual
Sem sintomas.
A que altera os nossos
Comportamentos e decisões.
A que se manifesta nos trapos que vestimos,
Nas pessoas com quem estamos,
Nas experiências que vivenciamos.
A que muda o rumo da nossa vida
Sem nos apercebermos.
Apesar da pequenez do sítio
Trazer conforto,
O anonimato ainda é mais saudável
Do que a vaidade.